“Oração vs. reputação”

Mateus 6:1, 5-8  

Estes versículos fazem parte do “Sermão do Monte” onde Jesus deu conselhos bastante práticos aos seus discípulos sobre a vida cristã.

Para se compreender melhor os vs. 5 ao 8 precisamos ligá-los ao v.1. A expressão “guardai-vos” perde-se na tradução para o português. Seria algo mais como: “estar em estado de alerta para saber responder adequadamente a qualquer situação”.

A partir do v. 5 Jesus falou sobre a oração. Este versículo começa logo com uma conjunção “e” que liga à verdade central que vimos no v.1.

É curioso notar que Jesus ao dizer “e, quando orardes” assume que os seus discípulos têm uma vida de oração.

Algumas coisas importantes:
  1. Atitude – “quando orardes, não sereis como os hipócritas”

Ao orarem não deviam ser como os hipócritas. A palavra era usada para descrever o “actor ou actriz”. É aquele que pretende mostrar aos outros aquilo que na verdade não é.

  1. Actos: “porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças”

É preciso saber que Jesus não criticou a oração que é feita em pé. Jesus criticou, sim, as orações feitas em determinados sítios porque queriam cumprir um determinado objectivo.

  1. Objectivo: “para serem vistos dos homens”.

A ideia era fazer algo que fosse visto e admirado pelas pessoas.

Contudo, a oração sem hipocrisia deve surgir como consequência de uma devoção sincera pela certeza de quem Deus é e por aquilo que Ele fez na nossa vida.

  1. Consequência: “em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa”.

Aqueles que procuram o reconhecimento dos homens receberão unicamente o louvor deles em vez do louvor de Deus.

No v. 6, Jesus virou-se para os discípulos e disse-lhes “tu, porém”.

A palavra “porém” é uma conjunção adversativa e mostra-nos que aquilo que vem a seguir é totalmente diferente do que foi dito anteriormente.

Reparemos no contraste:
  1. Atitude: humildade que é totalmente contrária à da hipocrisia.

Como ver se temos tido humildade? Nos actos…

  1. Actos: “quando orares, entra no teu quarto e, fecha a porta”

Jesus assume, mais uma vez, que a oração é uma realidade. E, ao orarem, deviam entrar no quarto – uma despensa sem janelas que as casas tinham – e depois fecharem a porta.

Jesus pretendeu mostrar que as pessoas não devem orar com a motivação de serem vistas ou contempladas pelos outros.

  1. Objectivo: “orarás a teu Pai que está em secreto”

Precisamente por sabermos que a oração deve ser para Deus, é Deus que tem de ser louvado enquanto oramos.

  1. Consequência: “te recompensará”.

Jesus é claro que se tivermos a atitude correcta seremos “recompensados”.

Esta palavra não significa que Deus nos deve algo e então recompensará pelo que fizemos. As respostas às nossas orações serão sempre manifestações de Graça de Deus. A ideia é a seguinte: “Deus manifestará o Seu cuidado, se orares com a atitude certa”.

No vs. 7-8, Jesus continuou a dizer que quando orassem não deviam usar vãs repetições como os gentios os quais estavam envolvidos com o paganismo que faziam serviços e sacrifícios aos deuses para buscarem os Seus favores. Era como um contracto porque se cumprissem determinadas regras ou dissessem determinadas palavras teriam resultados.

Na vida cristã não há nenhum contracto porque Deus não é obrigado a dar nada. Há, sim, algo bem mais forte e melhor: há uma aliança firmada pela sua graça e pelo seu amor.

No casamento, nós trocamos a aliança com o nosso cônjuge para mostrar que só a morte nos deve separar. No Evangelho, Deus faz uma aliança connosco e nem a morte nos irá separar. Aliás, vai unir-nos ainda mais pois vai ser algo pleno, perfeito e para todo o sempre.

Jónatas Rafael Lopes

Jonatas Rafael Lopes é pastor na Igreja Baptista da Graça, em Lisboa, e pós-graduado em estudos bíblicos. É membro da direção da Convenção Baptista Portuguesa responsável por Apoio a Igrejas. Jonatas é casado com a Filipa Lopes, e eles têm quatro filhos: Raquel, Samuel, Gabriel e Isabel.

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